A vegetação das proximidades dos rios da Bacia do Rio Uruguai e Rio do Peixe é constituída por cobertura florestal característica da Floresta Estacional Decidual e Floresta Ombrófila Mista.
A Floresta Estacional Decidual ocorre, principalmente, na calha do Rio Uruguai, do Rio do Peixe, do Rio Canoas, entre outros, bem como em seus principais afluentes. Originalmente, essa floresta era constituída por estratos arbóreos bem distintos, um com vegetação alta e descontínua que são as árvores; outro, mais baixo, constituído por arvoretas, arbustos e ervas. Também eram encontradas espécies de cipós e epífitas.
A Floresta Ombrófila Mista (Floresta de Araucárias) abrangia desde terrenos mais dissecados do alto das encostas da calha do Rio do Peixe até os situados no planalto com relevo medianamente ondulado. Esse tipo de vegetação ocorre em altitudes compreendidas entre 500 e 1.000 metros. Apresentam como vegetação típica dessa cobertura florestal as espécies Pinheiro-do-paraná (Araucária angustifolia), que se sobressai nos estratos arbóreos, e a Imbuia (Ocotea porosa), encontrada nos sub-bosques dos pinhais.
Os poucos remanescentes da cobertura florestal, por estarem localizados em uma região de transição entre a Floresta Ombrófila Mista e a Floresta Estacional Decidual, apresentam elementos característicos das duas Florestas, sendo difícil a definição exata de seus limites, já que algumas espécies ocorrem em locais de maior ou menor altitude, mesclando os ambientes.
Tanto a Floresta Ombrófila Mista como a Floresta Estacional Decidual foram devastadas pelos desmatamentos, seguidos de intensa ocupação agrícola e pecuária, adaptadas, principalmente, às características do relevo. Nesses locais, houve ocupação em razão da exploração madeireira e abertura de clareiras para formação de vilas, restando somente vegetação secundária e capoeirão, pois, mesmo as florestas mais conservadas, presentes nos locais mais íngremes, sofreram desmatamento seletivo para a retirada das espécies de madeiras nobres.
Em quase todas as áreas do Rio do Peixe, a vegetação original arbórea nativa das florestas Ombrófila Mista e Estacional Decidual deu lugar às florestas secundárias, capoeirões, capoeiras, reflorestamentos de espécies exóticas, pastagens e agricultura.
A Bacia do Rio do Peixe possui área territorial de 5.238 km2 e perímetro de 425 km2. O rio principal tem o comprimento longitudinal de 299 km e comprimento em linha reta de 113 km; sua nascente situa-se na Serra do Espigão, município de Calmon, a uma altitude de 1.250 m, e a exutória ocorre no reservatório formado pela hidroelétrica de Itá, no Rio Uruguai, município de Alto Bela Vista, a uma altitude de 387 m. A altitude média da bacia é de 876 m, e a altitude mediana é de 880 m. As coordenadas geográficas que delimitam a Bacia são: latitude: S 26o 36’24” e S 27o 29’19” e longitude: W 50o 48’04” e W 51o 53’57”. O Rio do Peixe tem como principal característica o abastecimento urbano às maiores cidades da região.
Os valores médios anuais obtidos da série histórica de 31 anos, período de 1977 a 2007, correspondem a 1.796 mm de precipitação.
O Rio do Peixe apresenta grande oscilação de vazão, tendo a vazão máxima ocorrida na data de oito de julho 1983, atingindo o valor de 4.097 m3.s-1. Representando a Bacia do Rio do Peixe, os dados de vazão da estação de Piratuba foram processados estatisticamente para o período de 1941 a 2000, resultando na vazão média anual de 119 m3.s-1. Os valores mínimos são representados pelas vazões Q7,10, Q95 e Q90. A vazão Q7,10, vazão mínima das médias de sete dias para um tempo de retorno igual a dez anos, é de 2,8 m3.s-1 (método Gumbel) e 4,7 m3.s-1 (método Log-normal).
As vazões Q95 e Q90 correspondem aos patamares inferiores de vazão, que têm a probabilidade de ser excedida em 95% e 90% do tempo, respectivamente. O valor de Q90 é de 20,9 m3.s-1, e Q95 é de 15,0 m3.s-1.
A vazão mediana, Q50, que é superada em 50% dos dias da série, corresponde a 86 m3.s-1. A vazão média específica resultou em 22,7 l.s-1.km-2.
O tempo de concentração é o tempo necessário para que toda a água precipitada no ponto mais distante da Bacia seja deslocada até a seção considerada. Na Bacia do Rio do Peixe, os tempos de concentração, obtidos pela aplicação de oito fórmulas, correspondem a 16 horas em Rio das Antas, 25 horas em Tangará, 31 horas em Joaçaba e 53 horas em Piratuba.
A Bacia do Rio do Peixe é drenada por 3.803 rios e córregos, conforme visualização em escala 1:100.000. A densidade de drenagem é de 1,59 km/km2. Os principais tributários são os seguintes rios, na margem direita: Preto, Quinze de Novembro, São Bento, Estreito, da Limeira, do Tigre, Caraguatá, Pato Roxo, Leãozinho, do Pinheiro; na margem esquerda: Caçador, Castelhano, do Veado, das Pedras, Bonito, Cerro Azul, Barra Verde, Leão e Capinzal.
O resumo dos parâmetros morfométricos calculados para cada uma das sub-bacias e para a Bacia do Rio do Peixe é apresentado no Anexo A. O aspecto não-compacto da Bacia, com valor de Kc, oscilando entre 1,45 (Pe2) e 1,65 (Pe4), indica a menor propensão a enchentes quando comparado a uma bacia circular (Kc =1). O fator de forma Kf decrescendo de 0,12 a 0,06 confirma o estreitamento no formato da Bacia de montante para jusante. A característica alongada da Bacia é reiterada pelo índice de circularidade máximo de 0,47.
A densidade hidrográfica (Dh ≈ 0,73 rios/km2) e de drenagem (Dd de até 1,44 km/km2) são decorrentes da contagem e medição de 3.803 cursos d’água na Bacia do Rio do Peixe. A densidade hidrográfica maior que 2,0 canais/km2 significa que a rede de drenagem tem grande capacidade de gerar novos cursos d’água. O índice Dh que expressa a magnitude da rede hidrográfica apresenta um valor baixo.
Assim, o resultado da ação do homem forma um verdadeiro mosaico de vários tipos de uso e ocupação atual do solo.
Os remanescentes da Floresta Ombrófila Mista, que foram fortemente alterados, são uma amostra muito pequena daquela vegetação exuberante que era a Floresta dos Pinhais do Planalto Catarinense, existindo atualmente apenas alguns conjuntos que podem ser considerados uma Floresta Secundária, caracterizada pelas espécies arbóreas de pequeno e médio porte.
Atualmente, as espécies nativas mais freqüentes são o angico-vermelho (Parapiptadenia rigida), canela-guaicá (Ocotea pulchella), canelinha (Nectandra megapotamica), açoita-cavalo (Luehea divaricata), aroeira-vermelha (Schinus terebentifolius), fumeiro-bravo (Solanum mauriatinum), sarandis (Caliandra sp), camboatá-vermelho (Cupania vernallis), vacunzeiro (Alophillus edulis), capororoca (Rapanea umbellata), chá-de-bugre (Casearia silvestris), pata-de-vaca (Bauhinia forficata), timbó (Ateleia glazioviana), guajuvira (Patagonula americana), louro-pardo (Cordia trichotoma) e araticum (Rollinia silvatica).
As espécies exóticas mais freqüentes são uva-do-japão (Hovenia dulcis), eucalipto (Eucalyptus sp), alfeneiro-do-japão (Lingustrum japonicum), amoreira-de-árvore (Morus nigra) e pinus (Pinus ellioti e o P. taeda).
É necessário salientar que a uva-do-japão é uma espécie exótica agressiva e uma das que mais estão se proliferando nas matas ciliares e florestas da região. Isso inclui as faixas ciliares do Rio do Peixe, sobrepondo-se ao eucalipto e ao pinus. É provável que, no futuro, haja problemas para a regeneração da vegetação nativa sob os bosques de uva-do-japão.