Desde setembro, o volume de chuva registrado no Oeste está abaixo da média histórica. A falta de água já afeta vários municípios da região Oeste do Estado. Na quarta-feira, 18 de novembro, o Comitê Peixe realizou uma videoconferência com especialistas da Epagri sobre a “Situação Hidrológica e Meteorológica da Região Oeste de Santa Catarina”. A presença do fenômeno La Ninã e alteração no fluxo de umidade estão entre as explicações para o baixo volume de precipitação dos últimos meses.
O meteorologista da Epagri/Ciram, Clóvis Correa, mostrou que a instabilidade de chuvas na região começou ainda em junho. A situação se agravou a partir de julho, quando o percentual variou entre 80% e 20% abaixo da média histórica. Já setembro e outubro tiveram os menores volumes de precipitação.
Clóvis explicou que a regularidade de chuvas em Santa Catarina depende muito do fluxo de umidade vindo da Amazônia e do Pantanal. Segundo ele, quando isso é alterado, seja por conta dos desmatamentos ou das queimadas, a precipitação é prejudicada. O fenômeno La Ninã, que está presente, também interfere na redução do volume de chuvas. Isso porque favorece a diminuição da temperatura da superfície das águas do Oceano Pacífico e, consequentemente, chove menos. No entanto, o meteorologista pontuou que a causa da estiagem é global e não se pode apontar apenas um causador.
O pesquisador da área de Hidrologia e coordenador da Sala de Situação da Epagri/Ciram, Guilherme Miranda, disse que a chuva acumulada que não ocorreu durante o período de 2019 a novembro de 2020, atinge quase 900 milímetros na região do Meio-Oeste. Guilherme explicou que tais fatos implicam na disponibilidade de água nos rios, afetando diretamente a recarga dos aquíferos e também prejudicam as atividades econômicas da região.
A recomendação dos especialistas para não afetar tanto as atividades agropecuárias, é incentivar as práticas de armazenamento de água, por meio de cisternas e açudes. Miranda ressaltou que as técnicas de plantio sustentáveis também podem minimizar os impactos e promover a conservação do solo.
O coordenador da equipe técnica da Ecopef, Vilmar Comassetto, sugeriu mais um debate sobre este tema, focado na gestão municipal da água. A intenção é reunir os municípios da bacia para apresentar os cenários da região e apontar o que precisa ser feito para minimizar as consequências dos eventos de estiagem, que ocorrem praticamente todos os anos.